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ABORDAGEM ESTRUTURALISTA

ABORDAGEM ESTRUTURALISTA

Agora estudaremos a Abordagem Estruturalista por meio da Teoria da Burocracia de Max Weber e da Teoria Estruturalista de Amitai Etzioni.

A Burocracia, para Max Weber, é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade. Isto é, na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos.

A origem da Teoria da Burocracia a partir da década de 1940 se dá em função de alguns aspectos:

» A fragilidade e a parcialidade da Teoria Clássica e da Teoria das Relações Humanas;

» A necessidade de um modelo de organização racional;

» O crescente tamanho e complexidade das organizações;

» O ressurgimento do interesse pelos trabalhos de Max Weber sobre Sociologia da Burocracia.

Para desenvolver sua teoria, Max Weber partiu de alguns questionamentos como: Por que os indivíduos obedecem a ordens? Por que eles agem de acordo com o que lhes é ordenado?

Weber teorizou que existem três tipos básicos de relações de autoridade que podem ser utilizados para classificar as organizações. São eles: Tradicional, Carismática e Legal, Racional ou Burocrática.

TIPOS BÁSICOS DE RELAÇÕES DE AUTORIDADE

 

Tradicional

a) Tipo de autoridade não racional.

b) O poder pode ser herdado ou delegado.

c) Baseada na tradição, usos e costumes.

d) Passa de geração a geração.

e) Valorização do precedente e passado e não a melhor decisão possível.

 

Carismática

a) Não é racional; o poder não é herdado e nem delegável.

b) Baseada no carisma. Ou seja, por características pessoais do líder: heroísmo, magia, poder mental.

c) Não prevê e nem provê uma base para a sucessão.

d) A ausência do líder poderá ameaçar a sobrevivência e existência da organização.

 

Legal, Racional ou Burocrática

a) É legal, racional, impessoal e formal.

b) Ocorre por meio de promulgação e regulamentação de normas legais previamente definidas.

c) Ela cria direitos e obrigações.

d) É o mais adequado para as organizações de porte, por enfatizar a obediência às ordens de quem ocupa o cargo – não importa quem seja.

e) A autoridade está vinculada ao cargo e não ao indivíduo.

 

     

 

A organização que surge a partir do emprego da Autoridade Racional-Legal, para Max Weber, seria a burocracia e teria os seguintes aspectos:

Tipo ideal de burocracia

a) Formalidade: as organizações são constituídas com base em regulamentos explícitos, chamados leis. As leis estipulam os direitos e deveres dos participantes...

b) Impessoalidade: os poderes, direitos e deveres das pessoas nas organizações são inerentes aos cargos que elas ocupam, e as pessoas são governadas por essas relações.

c) Profissionalismo: os cargos de uma burocracia oferecem a seus ocupantes uma careira profissional e meios de subsistência. O integrante de uma burocracia é um funcionário que faz do cargo um meio de vida, recebendo um salário regular em troca de seus serviços. A escolha para ocupar o cargo deve ser com base na meritocracia.

 

É importante destacar que a Burocracia não se configuraria como uma “regra-impedimento”, como o termo é popularmente conhecido. O tipo de administração de organização puramente burocrático, na perspectiva de Weber, é capaz de atingir o mais alto grau de eficiência, sendo o meio mais racional de levar a efeito um controle imperativo sobre os trabalhadores.

Entretanto, os autores Peter Blau e Richard Scott apontam que Weber teria ignorado a organização informal que produz e amplia as ineficiências do modelo burocrático.  As consequências imprevistas que levam à ineficiência de disfunções das burocracias são denominadas de anomalias.

ANOMALIAS DO SISTEMA BUROCRÁTICO

Maior Internalização das Diretrizes

As normas, os procedimentos e as regras são considerados como objetivos pelos trabalhadores e não meios de realizar o trabalho.

Maior Despersonalização nos Relacionamentos

O caráter impessoal é observado pela ênfase nos cargos e não nas pessoas que os ocupam.

Hierarquia como Base do Processo Decisorial

As decisões são tomadas por quem ocupa o posto hierárquico mais alto, mesmo que não saiba nada a respeito do problema que está em questão.

Formalismo e Conformidade às Rotinas

Necessidade de documentar e formalizar as comunicações e a extrema devoção a normas e procedimentos, para garantir que seja realizado aquilo que foi determinado.

 

Essas anomalias, descritas por Robert K. Merton, tornam a organização mais lenta para responder mais prontamente ao cliente e se adequar às demandas ambientais.

Teoria Estruturalista

A Teoria Estruturalista ou o Estruturalismo representa uma nova visão no campo administrativo. Já que implicou o estudo das organizações de forma mais ampla e integral, considerando todos os fatos internos e externos de influência, submetendo-os a uma análise comparativa e global. O seu maior representante é o cientista social Amitai Etzioni.

A origem da Teoria Estruturalista está atrelada aos seguintes aspectos:

» A oposição surgida entre a Teoria Tradicional e a Teoria das Relações Humanas, que eram incompatíveis, e, então, havia a necessidade de uma posição mais ampla;

» A necessidade de visualizar “a organização como uma unidade social complexa”; nesta organização interagem grupos sociais que interferem na consecução dos objetivos organizacionais;

A Abordagem Estruturalista é uma síntese da Escola Clássica com a da Escola de Relações Humanas. Entretanto, ela dá maior ênfase no formalismo das estruturas organizacionais. A Teoria Estruturalista, pela primeira vez, reconheceu integralmente o grande dilema organizacional. Isto é, o inevitável conflito entre os objetivos organizacionais e as necessidades individuais. Conflito esse que pode ser reduzido, mas não eliminado. 

Dessa forma, podemos dizer que o Estruturalismo introduziu uma nova lógica. Uma lógica integrativa e não dicotômica, com o objetivo de tratar de forma mais ampla a organização e o indivíduo. A análise organizacional ficou mais rica, o que possibilitou uma melhor compreensão das organizações e de seu desempenho.

Organizações e Poder

Existem três tipos ou categorias de organizações. Cada categoria de organização é definida pelo tipo de poder exercido sobre as pessoas. Cada tipo de poder dá origem a um tipo de obediência (compliance). Há obediência quando o indivíduo se comporta conforme as orientações de outro indivíduo que exerce algum um tipo de poder. O tipo de poder determina o tipo de obediência, o que, por sua vez, define a natureza da organização. O tipo de obediência pode ser envolvimento ou contrato psicológico.

Veja o quadro-resumo a seguir sobre a tipologia de poder, obediência e organização:

TIPO DE PODER

 TIPO DE CONTRATO PSICOLÓGICO 

 TIPO DE ORGANIZAÇÃO 

Poder Coercitivo: baseia-se em punições.

Alienatório: obediência sem questionamento.

Coercitiva: objetivo é controlar o comportamento.

Poder Manipulativo: baseia-se em recompensas.

Calculista: obediência interesseira.

Utilitária: objetivo é obter resultados por meio de barganhas com os funcionários.

Poder Normativo: baseia-se em crenças e símbolos.

Moral: disciplina interior.

Normativa: objetivo é realizar missão ou tarefa em que os participantes acreditam.

Adaptado de Maximiano (2002, p. 136).

Nas organizações coercitivas, a coerção ou força física é o principal meio de controle sobre os que não detêm o poder (participantes operacionais ou participantes de nível mais baixo). Os campos de concentração, prisões e hospitais penitenciários são exemplos de organizações desse tipo. 

Já nas organizações utilitárias, a remuneração é o principal meio de controle utilizado. O envolvimento calculista é o que orienta a grande maioria dos participantes operacionais e de níveis mais altos. Além do fator remuneração, as organizações utilitárias não dispensam recompensas como promoções, benefícios e incentivos para obter o comportamento esperado. As empresas de negócios são exemplos dessas organizações.

Nas organizações normativas, o poder normativo é o principal meio de controle dos participantes operacionais, os quais apresentam alto nível de comprometimento. Nessas, os participantes internalizam orientações aceitas como válidas. Entre as técnicas de controle mais importantes nas organizações normativas estão: a liderança, os rituais e a manipulação de símbolos sociais e de prestígio. As organizações religiosas, as organizações políticas de forte programa ideológico, hospitais gerais, as universidades e as organizações de voluntários são exemplos desse tipo de organização normativa.

Conflitos 

O conflito significa que as pessoas possuem ideias diferentes, ou sentimentos, atitudes ou interesses antagônicos e colidentes. As ideias podem se chocar, mas não devemos observar esse fato como algo simplesmente negativo. Os conflitos, as ideias divergentes, podem se configurar como elementos geradores de mudança e desenvolvimento da organização. A partir de pensamentos diferentes, surgem inovações e mudanças. Portanto, os conflitos podem ser desejáveis ao passo que possibilitam à organização um ajustamento a uma nova realidade que se coloca como necessária para promover novamente o equilíbrio.

O conflito e a cooperação são dois aspectos da atividade social ou, melhor ainda, dois lados da mesma moeda. Um dos propósitos da Administração é de promover a cooperação e sanar os conflitos. A resolução de um conflito não deverá ser vista como “fim de conflito”, mas como parte integrante da atividade organizacional.

Existem tipos de situações em uma organização que provocam conflitos como, por exemplo, o conflito entre a Autoridade do Especialista (que detém o conhecimento) e a Autoridade Administrativa (que detém uma posição de responsabilidade dentro da hierarquia). Podem ocorrer interesses antagônicos entre quem ocupa uma posição hierárquica importante e quem possui um conhecimento específico sobre alguma parte da organização, ou um conhecimento importante para a atividade empresarial.

Existem vários fatores que podem ser a causa de situações de conflito como:

» Ambição e comportamento dos altos funcionários de linha;

» Oferta de serviços do staff para poder justificar a sua existência;

» Quando a promoção para posições mais altas da assessoria depende da aprovação de funcionários de linha e vice-versa.